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Comitê Científico:
Danilo Araújo Fernandes (PPGE/UFPA)
Glória Cecília dos Santos Figueiredo (PPGAU/UFBA)
Humberto Miranda (PPGDE/Unicamp)
Rogério da Silveira (PPGDR/UNISC)

 

O modo como se deu a articulação entre os espaços urbano, rural e regional, após os anos de 1990, alterou o padrão de urbanização brasileiro e latino americano. Fatores demográficos e socioeconômicos têm geralmente forte influência sobre os processos de urbanização, mas dizem pouco sobre as dinâmicas de estruturação espaciais, pois estas afetam o destino produtivo das regiões e das mercadorias e não apenas a circulação dessas mesmas e de pessoas inter-regionalmente. As transformações impostas pelos capitais que se deslocaram para as áreas não metropolitanas de países latino-americanos produziram NOVAS DINÂMICAS DE ESTRUTURAÇÃO URBANO-REGIONAL as quais deram destaque a novos arranjos urbanos como receptores de investimentos públicos e privados.

No Brasil, os interesses econômicos em torno do ciclo de commodities derivado do “efeito China”, do programa de partilha do petróleo da camada pré-sal, da construção de rodovias, ferroviais e portos e da privatização de aeroportos, bem como da ampliação dos circuitos imobiliário-mercantis, influíram sobre os processos de (re)concentração urbana, desigualdades intra-regionais, avanço da fronteira urbanizada e relacionamento entre os níveis metropolitanos e os arranjos urbanos intermediários do nosso sistema de cidades. Nesse contexto, as áreas não metropolitanas das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte passaram a alimentar um forte incremento urbano, sem que necessariamente tenha ocorrido uma perda de hierarquia das metrópoles situadas nas regiões Sudeste e Sul.

Ademais, com o encaminhamento das reformas neoliberais pós-1990, a perspectiva territorial do desenvolvimento se tornou mais seletiva, pois fragmentou os interesses socioeconômicos de grupos, agentes e atores nas regiões, gerou maiores nexos verticais para fora da região e aprofundou a dependência externa. Uma nova divisão social e territorial do trabalho reestruturou espaços e novas dinâmicas produtivas os redefiniram, propiciando mudanças nas hierarquias urbano-regionais por meio das quais determinadas cidades, situadas em áreas não metropolitanas, ganharam centralidade ainda que sem obterem uma maior autonomia. Desse modo, a característica mais marcante desse padrão de urbanização é o fortalecimento dos níveis intermediários das redes de cidades, tornados mais funcionais à lógica de expansão capitalista, contribuindo para aprofundar nossas heterogeneidades estruturais e espaciais.

O objetivo da sessão temática é, portanto, apresentar e discutir estudos e pesquisas sobre as novas dinâmicas produtivas regionais que levaram a ou surgiram a partir de mudanças nas hierarquias urbano-regionais após 1990, dando ênfase à emergência de novos arranjos urbanos intermediários nas áreas não metropolitanas, ao surgimento de novas centralidades urbano-regionais e ao grau de influência das metrópoles regionais, nacionais e internacionais na (re)estruturação dos espaços em expansão.

Temas:

A fronteira agromineral e sua urbanização no Brasil e América Latina; Transformações produtivas regionais e seus impactos na urbanização; Grandes projetos e migrações inter/intra-regionais; Novas centralidades urbanas em áreas não metropolitanas; Os efeitos urbano-regionais das obras do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento, no Brasil); Dimensão do setor terciário nas cidades das áreas não metropolitanas; Expansão dos circuitos imobiliários para áreas não metropolitanas; Papel dos portos e aeroportos na (re)estruturação do espaço urbano-regional; Rebatimentos urbanos-regionais dos investimentos na Camada Pré-sal do petróleo; Dinâmica urbano-regional em áreas transfronteiriças; Abordagens teóricas e metodológicas acerca da urbanização em áreas não metropolitanas da América Latina e Brasil.

 

Foto: Camila D’Ottaviano