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Comitê Científico:

 

Juliano Pamplona Ximenes Pontes (PPGAU/UFPA)
Luciana Nicolau Ferrara (BPT/UFABC)
Simone Polli (PGP/UTFPR)

 

A simultaneidade entre a crise ambiental e a crise social coloca em debate a pertinência e a manutenção de concepções antagônicas como o conservacionismo e o produtivismo. Se, por um lado, tem se observado o aumento da incorporação da pauta ambiental nas políticas públicas, por outro lado, a integração de conhecimentos sobre o meio físico e a solução de problemas sociais, seja no campo ou na cidade, ainda encontra diversas barreiras – econômicas, políticas e ideológicas – a serem superadas, ainda mais se considerada a perspectiva de apropriação social da natureza como bem comum. Ao mesmo tempo, as formas de exploração de recursos naturais enquanto ativos, no estágio atual do capitalismo, tem demonstrado o acirramento das desigualdades sociais.

Esse contexto tem provocado o surgimento de movimentos sociais que se contrapõem a esse processo. Tecnologias sociais e de engenharias, planificação urbana e regional e infraestrutura vêm, há 30 anos, se aproximando de estratégias de baixo impacto concomitantes a um esforço de publicidade e mistificação dessas mesmas soluções; adotadas para reconfigurar a ocupação territorial de áreas periurbanas ou assentamentos precários, criam uma cidade/região “saudável” porém substituindo as populações em uso. Apesar das notáveis incorporações do planejamento e do desenho ambiental na urbanização de favelas, como um exemplo possível, nota-se uso socialmente concentrado e segregador até mesmo nas medidas de suposta democratização no acesso e recuperação ambiental. A tecnologia, por sua vez, tomada como solução em si, parece representar um discurso que a subsome; legítima em si, reificada, redime os efeitos da produção e da territorialização capitalista de modo pretensamente automático – o que não ocorre na realidade social.  Todas essas questões implicam a prática do planejamento territorial em diferentes níveis e dimensões.

Considerando a diversidade de abordagens sobre a questão ambiental, a sessão temática privilegiará artigos que busquem trabalhar a integração entre os conhecimentos das ciências sociais aplicadas e das ciências ambientais no território, bem como a articulação dessas práticas com o debate teórico contemporâneo sobre as relações entre sociedade e natureza. Assim, serão consideradas as reflexões sobre as experiências de avaliação e planejamento territorial, das práticas de movimentos sociais, bem como os trabalhos que avancem no debate teórico e crítico sobre essas relações.

Temas:

Recursos naturais e bens comuns; padrões de consumo e capacidade de suporte; saneamento ambiental; mudanças climáticas e impactos socioterritoriais; direitos ambientais e direitos sociais; regulação e políticas públicas ambientais; metodologias de avaliação ambiental; conflitos e justiça socioambiental; análise de risco e vulnerabilidade; movimentos sociais e politização do debate ambiental; modernização ecológica, economia verde, pagamento por serviços ambientais; ecologia política da urbanização.

 

Foto: LABHAB – Acervo de Imagens