Escolha uma Página
Comitê Científico:
Fabiana Dultra Britto (PPGAU/UFBA)
Felipe Nunes Coelho Magalhães (IGC/UFMG) 
Jorge Bassani (PPGAU/FAUUSP)

 

A condição da cultura contemporânea tem sido pautada, historicamente, por um horizonte de expectativas despotencializado frente à derrocada das experiências revolucionárias e utopias político-sociais modernas. O que se viu, no último meio século, foi a vitória do capital e o reinado do mercado, articulando-se novas estratégias de acumulação, com crescente formação de oligopólios e concentração de riquezas, assim como o aumento da pobreza.

O neoliberalismo, mais do que uma política econômica, tem sido teorizado como uma racionalidade efetuada por meio de lógicas normativas, discursos e práticas entrecruzadas – e internalizadas – em torno do princípio da competição, da concorrência. Nessa matriz, a relação com o futuro mudou significativamente, em meio a uma dinâmica em que o presente tende a substituir o porvir, e em que predomina uma experiência do tempo modulada, por um lado, por fluxos de aceleração, novidade/obsolescência e mobilidade, e, por outro, pela estagnação social de amplas populações. Essa chamada era da emergência, que corresponde a um estado de crise permanente, orienta-se pelo binômio urgência/risco, no qual a distância entre o que se aspira e o que se faz é agudamente encurtada.

Nesse contexto, as reconfigurações econômicas, sociais, culturais e urbanas em curso no país constituem-se como desafios analíticos e epistemológicos em aberto. Estamos diante de formas políticas e estéticas inéditas, num campo de disputas simbólicas em que novas práticas sócio-culturais, identitárias e espaciais, entrelaçadas às novas redes e dispositivos informacionais, estão sendo efetivadas nas grandes cidades, em circuitos que têm ultrapassado divisas e limites até então consolidados. Nessas movimentações, as fronteiras entre centro e periferia estão sendo ressignificadas, ao mesmo tempo em que as tensões sociais manifestas no espaço público têm reposto os termos da questão sobre o exercício de identidades coletivas em suas potências e projeções acerca do mundo em comum.

Temas:

Práticas sócio-culturais e territórios urbanos; narrativas sociais e periferias; figurações culturais e formas de apropriação espacial; Espaço urbano e mobilização política; assimetrias sociais e produção cultural; crítica estética e análise social; experiência coletiva e imaginário político; espaço público, ativismo e dissenso; ação cultural, visibilidade e legitimação social; práticas espaciais e resistência.

 

Foto: Daniele Queiroz – CC BY-NC-ND